A Importância das Rodas de Leitura
COMO ESTIMULAR ALUNOS ADOLESCENTES PARA A LEITURA E ESCRITA
ATRAVÉS DE RODAS DE LEITURA
Profª Camila Ferreira da Silva
Sugiro que as colegas professoras que estejam lendo esse artigo e se encontrem na mesma situação de preacariedade da escola e de alunos procurem marcar um dia para uma excursão e levá-los juntos para a biblioteca pública mais próxima da escola. Chegando lá todos deverão fazer as fichas e a partir daquele momento a Biblioteca poderá emprestar os livros. Outra alternativa é pedir para os alunos tragam livros que eles porventura tenham em casa e verificar a possibilidade de aproveitar esses livros para leitura e discussão em sala de aula.
Houve ocasiões também em que eu e meus alunos utilizamos o ambiente da própria biblioteca perto da escola, com ajuda da bibliotecária. O ambiente era agradável, arejado e dispunha de um canto reservado em que pudemos colocar as cadeiras em roda e lermos todos juntos os livros.
Dentro do ambiente escolar, essas narrativas, podem ser feitas como aula complementar, ou seja, para ajudar com algum tema que estão estudando na sala de aula que, por conta da grade curricular, vinculado a algum tema que as professoras não consigam se aprofundar. As rodas também podem ser usadas para apresentar aos leitores, autores que não conhecem, ou culturas de outros países, conhecer outras formas de escrita, como cordel, poesia, crônicas, entre outras. Nesse caso é muito importante que a bibliotecária, conheça os projetos da escola, participe das reuniões com o corpo pedagógico para poder montar as suas rodas de leitura. Antes de começar a história, pode se ouvir uma música, ou mesmo falar um pouco sobre o livro, falar brevemente sobre a vida do autor, para assim começar a história. Sugiro que depois de terminar a história converse sobre o livro, incentive os alunos a pensarem sobre os temas abordados na leitura. Também pode se propor uma atividade, como a confecção de um desenho, escrita de um poema, entre outras atividades.
As rodas devem ser agradáveis, e incentivar sempre a leitura, deve ser feita com muita dedicação, pensando nos frutos que essas rodas vão trazer para os futuros alunos-leitores. … visto que sabemos que “Quanta gente, quanto sonho, quanta história, quanto invento, quanta arte, quanta vida há dentro do livro”.
E naturalmente a leitura sempre estimulará a escrita. Acredito por minha própria experiência de vida e como profissional que escrever não é um dom. É algo ensinável. Ninguém precisa ser um Machado de Assis. É fato que pessoas que sabem escrever e falar bem se destacam na vida. É com esse diferencial. Elas ganham credibilidade.
Minha paixão por ensinar meus alunos a gostar de ler foi que me deu incentivo para implantar o Projeto Literatura para Sobrevivência. O mote da iniciativa era, justamente, levar seus alunos do 9º ano, com faixa etária entre 16 e 18 anos, a encarar em sala de aula as dificuldades de produzir um bom texto.
Para falar a verdade, tomando por base meu próprio aprendizado com aluna no passado, não foi na escola que aprendi o português correto. Tive que procurar fora. Quando percebi que os alunos chegavam na minha sala sem habilidades para ler e escrever, decidi que queria focar nesse projeto, por ser uma competência que deve ser ensinada em sala de aula. Eles respondiam muito bem oralmente. Fiz diversas rodas de leitura, estimulando cada um deles a lerem um capítulo do livro designado para aquele dia da aula. O problema começava quando eu pedia que escrevessem um resumo do que tinham lido. Os textos não tinham coesão no início, parecia um empilhado de frases.
Para não cair no lugar comum, com gramática e ortografia sendo ensinadas de forma sistêmica, decidi trabalhar com a narrativa de Ana e a Margem do Rio, de Godofredo de Oliveira Neto, por ser um livro com uma narrativa de fácil compreensão e fluida,contendo dentro dela várias outras histórias interessantes que foram interpretadas pelos alunos e dissecadas, com foco na composição textual. Com base nas características dos escritos, estudei com os alunos a descrição dos personagens e lugares, o ritmo da história, a pontuação, as figuras de linguagem e a construção da narrativa.
O projeto ultrapassou a mera leitura e análise quando propus a eles imitar a atitude da personagem Ana e escrevessem a própria história de vida estimulada também pela atitude da professora americana Erin Gruwell, retratada no filme “Escritores da Liberdade” que meus alunos também assistiram.
Acreditando que o propósito de um escritor é merecer ser lido, sugeri que as histórias produzidas na classe fossem publicadas. Foi então que surgiu dos alunos a ideia da criação de um blog. A princípio eu não sabia como criar isso e mexer na ferramenta. Tive que sair da minha área de conforto e sentar na frente do meu notebook e começar a criar do zero. Os meus alunos sugeriram a criação do endereço online para serem lidos e também para receberem críticas construtivas. Para isso, publiquei os textos prontos juntamente com o diagnóstico da produção dos jovens autores.
Comecei a perceber o sucesso do projeto , que aumentou o hábito da leitura e a apropriação do discurso quando uma de minhas alunas envolvidas me enviou um e-mail dizendo: ‘Só escrevi a históira da minha vida porque você me cativou e eu te cativei’. Ela escolhera ler também o livro “O Pequeno Príncipe” de Antoine de Saint Exupéry, que havia disponível na biblioteca da escola. Ao lê-lo captara assim a essência do livro e demonstrara isso nessa frase no e-mail que me enviou. Fiquei muito feliz.
Comentários
Postar um comentário